DIGITANIA! BY GUS NUAGES ( @gusnuages )
Em todas as plataformas
Zero Likes Records apresenta o primeiro lançamento oficial do selo desde que nos lançamos oficialmente também, com o álbum “Digitania!” de Gus Nuages.
O álbum “Digitania!” criado entre 2020 e 2024 numa sequência de gravações de guerrilha, estúdios caseiros com telemóveis, entre diferentes dispositivos de uso cotidiano, destruindo as formas comuns de uso, reformulando-as, usando “DAWs” ( Digital Audio Workstation ) conectando instrumentos musicais em aparelhos portáteis e computadores.
O mote do selo trata de lançar as “Subcelebridades do Underground”, de utilizar os meios de comunicação para a criação, Gus Nuages se conecta perfeitamente com as aspirações desses temas nesses tempos de guerrilhas artísticas e gambiarras digitais.
Abram o seus terceiros ouvidos!
“Nascido Matheus Augusto dos Santos, não me identifico com gêneros, me considero uma pessoa de pele negra, a partir do momento que me vi no espelho com a consciência do significado da palavra reflexo. A música sempre esteve presente, cria de uma mãe que cantava não-profissionalmente e em sua adolescência dizia para ser o que quisesse, menino, menina, até mesmo um alien, pois o amor seria comigo. Como cantava muito Samba-Rock, Rock, House, Reggae, Jazz, R&B, entre outros gêneros e sub-gêneros musicais influenciou diretamente no que sou hoje: Músico.”
Gus iniciou seu processo musical a partir das experiências no PETI (Programa de Erradicação de Trabalho Infantil) onde foi ativo de 2008 até 2013. PETI era um organização não governamental que tinha como propósito tirar as crianças dos perigos da rua, impedir o trabalho infantil promovendo inclusão social com ensino gratuito e ensinos transversais a cultura.
“O processo de voluntariado surgiu pela ausência de alguns professores em algumas matérias de artes, tais como desenho e dança, então foi assim que me ofereci para compartilhar o auto didatismo das minhas habilidades e conhecimentos. Trata de uma experiência contraditória pois eu tinha apenas 12 anos, mas trabalhei no projeto de erradicação de trabalho infantil, o que demonstra a carência e o mecanismo que estavam presos diante da boa vontade mas também das falhas que surgem no projeto por conta da precarização dos sistemas de educação nas periferias. Mas não me soou como um fardo, gostava muito desse projeto e também participava como aluno das restantes matérias disponibilizadas pelo projeto, tais como filosofia, história e debates com os temas sociais que nos envolviam. Essa transição entre lecionar e aprender me deu noções de horizontalidades possíveis no campo da educação popular”.
O Chamado da Arte
“Após essa fase minha família passou a ter uma série de inconstâncias, me senti na obrigação de ter que de começar a trabalhar depois das aulas da escola para ajudar nas despesas, sequer tinha um celular nessa época, mas logo que adquiri o meu primeiro celular um Nokia 100, fiquei enfeitiçado assim que descobri as funções possíveis de criar toques polifônicos mesmo que de qualidade sonora bem baixa, mas perceptível o suficiente para criar uma melodia, hoje em dia não possuo mais esse aparelho em questão, mas foi o pontapé para usar aparelhos de uso cotidiano para expressar arte cotidianamente”.
Feitiços Tecnológicos
Sobre a descoberta dos toques polifônicos:
“Certo dia minha mãe (que já não se encontra mais nesse plano material) queria ativar as opções musicais da função do despertador de seu celular, ela queria uma música da Whitney Houston para despertar de manhã. Função que não existia em seu telefone. Logo no mesmo aparelho encontrei um aplicativo nativo de criação de toques polifônicos onde nesse só haviam a faixa de 8Bits (a mesma qualidade de som de videogames mais antigos) Lá pude tentar reproduzir as músicas que ela queria escutar ao acordar com sistema sonoro que o aparelho me oferecia”
Experiência com a música e o universo digital:
Atualmente pratica o desenvolvimento de sua produção sonora a partir de aplicativos e experimentações de diversos softwares livres onde gosta de utilizar os meios de comunicação para subvertê-los para criação de arte em conexão com parcerias e produções onlines na quebra das barreiras geográficas.
A exemplo da track: Quando a lua vem 2 Feat ARTIS JEFE (Los Angeles) @artisjefe, numa produção totalmente virtual, diretamente dos chats dos banco de imagens do Instagram, entre experimentações livres dos vocais de JEFE sobre os seus 8bits.
“No álbum “Digitania!” abordo temas sobre a democracia digital, tecnocracia, relacionamentos e afetos onlines, ou como as pessoas utilizam a internet de uma forma onde muitas vezes desconectamos do outro em uma distopia digital. Penso que a criação de um álbum é como uma ferramenta de comunicação para lidar com algo sobre as desilusões digitais.”
Decodificando “Digitania!“ é também a junção de duas palavras Digital e Cidadania, Gus se inspirou nesse conceito, na ideia de construção e as problemáticas dentro das cidades virtuais.
Estúdio de Guerrilha
“Conforme os anos foram passando, evolui minhas formas de gravação que eram extremamente caseiras, a exemplo de onde as baterias eram antes produzidas a partir da captação de ruídos transformados em harmonias a exemplo da produção sonora a partir de elementos cotidianos simples como caixas de papelão, chocalhos de latas preenchidas com arroz, pratos com tampas de panelas, bumbo com balde e baquetas de colher de pau e que passaram a serem trocados por uma DAW (Digital Audio Workstation) chamada Garageband, em primeiro contato com um IPhone 4S, seguido de um 6S que fora gravado um dos meus primeiros álbuns :“Sinestesia Intermitente” que então passou a ter seus sons amplificados com um adaptador de entrada de instrumento para smartphone, guitarra e fazendo de microfone os meus fones de ouvido. Tudo gravado completamente no meu quarto nessa casa em Mogi das Cruzes juntamente com um amigo que também produz música e estimulou muito para que eu expusesse meus sons nas plataformas onlines, do meu quarto para “O Mundo”.”
Por enquanto Gus já apresentou seu álbum Digitania! ao vivo na casa de show Cafundo (@ca.fundo) espaço recém inaugurado que acolhe bandas e projetos undergrounds, localizado no Largo da Batata e na Casa Metamorfose (@casa.metamorfose), onde realiza sua experiência sonora como parte das atividades na grade de produção de saúde mental e integração social dos interagentes que lá frequentam ( pessoas com e sem diagnósticos ) que criam uma transversalidade possível na vivência do espaço. Organizado por Júlia Catunda psi dos CAPS ( Centro de Apoio Psico Social ) de Itapeva, Osasco, entre outros ao longo dos 15 anos de experiência na área, até que inaugurou um espaço próprio que cria uma espécie de meta-linguagem dos trabalhos de NISE DA SILVEIRA, ao produzir encontros em casas de criatividade e desenclausurar as pessoas dos cativeiros clínicos.
E em breve estreiamos o vídeo clipe de duas faixas de seu álbum: Parélio e Face on the Sand.
E + curiosidades no nosso podcast.
Stay tuned.