Hoje dia 1º de abril, mais conhecido como o dia da mentira, venho falar de todas as coisas que vem da mente. Não venho abordar a mente como algo falso, mas venho por meio desta data, usá-la como dispositivo para abordar todas as ficções possíveis de criar e que tem criado nossa hiper-realidade.

Eu Ainda Não Assisti “Ainda Estou Aqui” mas sei que algo desencadeou no processo de memória histórica graças ao poeta, aquele que transforma a realidade em códigos a serem infinitamente re-combinados. Obrigada Marcelo Rubens Paiva.

O fim de algo que ainda não acabou, apenas se classificou, algumas classes ainda perdem seus corpos sem direito nem possibilidade alguma de memória, a classe média no Brasil já pode protestar e resgatar a história de seus corpos sem que a mídia se sinta abalada, pois as tv’s já se estruturaram sofisticando suas tecnologias de manipulação em intercâmbio com a internet e o cinema na produção de subjetividade.
Essas narrativas foram selecionadas da mesma forma que o jornalismo independente do Assange não abala mais as mídias já que hoje os próprios usuários produzem o jornalismo que e o Assange produziu, hoje ele está livre pois as mídias hoje em dia já tem seus algoritmos, organizações maquínicas e behavoristas do estudo do comportamento humano frente ao transe das telas.
Durante o teatro de premiações do O$CAR, a periferia estava lidando com a lei de censura “Anti Oruam” teve o estudante e também influencer Thiago Torres (@chavosodausp) sendo massacrado pela própria “esquerda” por lembrá-los que a ditadura ainda não acabou, apenas se classificou. (Entre muitos outros protestos de diversas pessoas, apenas da quebrada lutando pela própria quebrada, isso é um ótimo exemplo do sintoma das lógicas do algoritmo.)
Todas as justificativas e premiações no transe do oscar, atendem ao primeiro lema e critério estadunidense: “Conquistar e dominar todos os corações”, deixar todos em transe, seduzidos com as tragédias estéticas em torno das imagens. Enquanto corpos são aniquilados sob narrativas políticas -essas codificadas que se instalam e se apropriam distorcendo culturas, religiões e dominam seu jornalismo “independente” dentro das plataformas NORTE MARCIANAS, com suas guerras psíquicas: Por meio de prêmios, likes e consentimento público.
Então estamos na GUERRA DOS SIGNOS, são elas que produzem o genocídio, não tem como acabar com os genocídios sem antes acabar com a guerra dos signos antes, tanto do genocídios das favelas como no oriente, parece diferente, mas as mídias são as mesmas, produzem as divisões por meio das mesmas lógicas de dissuasões e persuasões construindo um público e separando os povos.
A Criação por Edição e a Contra-Captura:
Não há como dicotomizar a cultura da arte, o Assange foi um artista, até mais que um jornalista em alguns aspectos. Um tanto ingênuo e apaixonado ao lidar com a imagem de forma crua, antes o que era uma denúncia se tornou um espetáculo cruel, cheio de espectadores expectorantes. Assange se opôs, foi um artista porque o que um artista faz é desencadear pensamentos, um artista muitas vezes mais que manipular imagens, expõe a realidade, quem acaba manipulando as imagens são as mídias e suas i.a’s. e C.I.A.
Ao expor uma imagem de uma realidade de forma crua de narrativas, deixaram que as imagens do real fossem recebidas pelos poucos que tiveram acesso de uma forma que não houvesse organismo político para que o povo absorvesse esses nutrientes, a mídia o prendeu até nutrir de narrativas que manipulassem imagens sem o auxílio necessário de qualquer photoshop. ou i.a.. Quem edita a desgraça do que se vê hoje são as “justificativas e difamações” que produzem a aceitação de uma massa diante de uma mão infantil soterrada sob escombros.
Portanto, a imagem espetacular e uma transparência não se coloca como resultado, faltou análise psicológica social, um combo narrativo por trás dessas imagens e de como essas imagens seriam recebidas. Esse é o triste papel da comunicação que ele, como artista ao se expressar sobre a realidade se ausentou! Ele portanto fez o que artistas muitas vezes fazem, expor a realidade nua e crua, já que o jornalismo tem produzido as ficções, quando vamos subverter as linguagens dessa transmídia novamente? Não a toa dizem: “A comunicação pode ser a maior destruidora de talentos“ porque ela inibe a expressão da realidade. Porém ver não é saber ler a realidade. Imagens se criptografam por trás de discursos que eximem o espectador da culpa e do constrangimento que são expostos.
Mas a questão aqui é: Se o artista é visto como aquele que manipula as imagens no sentido ficcional, trazer a imagem do real seria quebrar o sonho de alteração de realidade que cada ser humano carrega em sua potência, aflorada ou não.
Ao lidar com uma imagem espetacular sem edições é preciso desencadear conceitos no público antes e depois da imagem para que aja tal reverberação.
Hoje, Assange esta “livre” pq ele não é mais um risco.
As imagens que ele vazou, são imagens que hoje temos fácil acesso, assim, lidamos todos os dias, a exemplo dos massacr3s em g4z4, e a mídia ja está suficientemente estruturada para que a realidade não altere mais as edições dos fatos.
Toda imagem tem sido editada com narrativas e não com efeitos visuais. A narrativa é a verdadeira alteração dos códigos de valoração dos bancos de imagens.
Narrativas que separam o povo e justificam suas punições. Punir virou ato heróico dos justiceiros, do micro ao macro. Não a toa o cancelamento se tornou o novo modo de vida dos usuários até mesmo em seus grupelhos sociais, atuando no mundo virtual/real, com as etiquetas e as programações comportaMENTAIS instaladas na sociedade com suas armas virtuais tais como As reduções do âmbito da crítica reduzido a likes ou dislikes (gosto ou não gosto) produções de grupos, bandos e manadas com alguns líderes que soam libertários, anarquistas mas se assim o fossem não liderariam nada, nem mesmos seus subgrupos em suas vidas sub alternativas. Enfim, esse é outro texto e a MAGIA MICROPOLÍTICA existe.
Muitas vezes o artista não é apenas aquele que manipula as imagens, mas aquele que compartilha as realidades que vê, para quem não pode avistá-la, essa fórmula foi capturada pelas redes com as ferramentas de compartilhamento, o tiro saiu pela culatra, estamos mais sem apatia e narcísicos do que nunca. O que se compartilha e o que se cria é produção de textos construídos pelo no sense comum das massas.
Muitas vezes de forma lúdica a base de memes, prints e outros dispositivos de roterizacão, como as imagens e narrativas que a grande mídia opera, simulando imparcialidade mas operando uma cadeia de signos, mensagens subliminares carregando capturas afetivas que seduzem o público por algumas polêmicas, sem enxergar o que a mesma imagem e signo irá desencadear para outro público e o que se compartilha é sempre uma reprodução.++++++
A criação é capturada para lógicas publicitárias, “não temos paciência alguma com artistas e seus processos, queremos celebridades e seus produtos” detalha muito bem isso, tudo que otimize a cadeia do pensamento, reduza em ideologia ou conceitos para nos tornarmos reféns.
Celebrar e produzir é sim preciso, mas criar e passar pelo processo suspenso do tempo é resistência. Os produtos e idéias que acontecem no imediatismo se tratam de tudo que já foi pensado e criado, tudo que está pronto, nada nasce pronto, criar o que não existe dá trabalho, para todas as existências conformadas com o prato feito das ideologias este mundo está servindo e a essa lógica muitos podem servir também.
Devíamos ter mais apreço a criação de realidades fictícias não por alienação, mas como modo de retomar para a humanidade da arte que tem sido capturada para valores midiáticos, publicitários, institucionais e outras formas de se manter “as vendas” dessa cegueira conectiva.
É preciso também inventar uma outra forma de vender, incentivar economias criativas que sustentem trabalhos independentes ou para que consiga estar cada vez mais independente dessas estruturas todas. Não apenas fazer o jogo que é dado, mas inventar as próprias regras do jogo.
Não temos noções de estatísticas pra nos deslumbrarmos com alcances falsos, números não traduzem diversidade, quaisquer que sejam as representatividades envolvidas é necessário quebrar a máquina com uma boa convivência que o estado tenta conflitar para lucrar em cima das nossas vulnerabilidades.
Não a toa quando perguntam pro Motaz Azaiza (O fotógrafo Palestino que alcançou milhões de seguidores documentando a catástrofe em primeira pessoa) se ele acredita no poder das imagens que capturou, ele responde que não. Que fez por paixão e dever, mas é visível sua frustração e sofrimento diante da causa. E não à toa! A imagem esta poluída de narrativas e hipnoses que criaram durante sete décadas, mas se fortaleceram diante de alguns eventos globais maquiados de entretenimento, onde fomentam estigmas em torno de polêmicas e crimes, como se algum outro povo estivesse ausente de crimes, ao ponto de poder estigmatizar um outro, em relação a imagem, a ausência da imagem da mulher, pelo menos nós do terceiro mundo latino-americano devemos superar nossas largas estatísticas de femin1cídi0 e nos lembrar que podemos ser vistos pelo outro da mesma forma que avistamos de longe, com o auxílio das redes sociais como mídia digital distorcendo todas as existências no meio do entretenimento globalizante e alienante.
A captura da religião em prints que criam transes dialéticos entre oposição e posição.
É preciso compreender e resgatar em toda literatura o sentido metafórico e filosófico a interpretação livre, e a verdade como algo que se constrói para si mesmo diante do religar a si com os rastros do passado em forma de escritura. Apenas mais uma narrativa.
Uma bomba explode em segundos mas se constrói por décadas de narrativas.
o texto continua.. no meu livro, torce aí que um dia sai. Apenas prévias da psicodelia da informação a qual estamos sobre-vivendo.
Dia 1 de abril, duram alguns 365 dias até que um dia a gente mude de dia, segue a luta.